novidades

O Papa, os jovens e o Cooperativismo

Os jovens brasileiros foram às ruas dias atrás para clamar por um “mundo melhor”. Nesta semana, no Rio de Janeiro, mais de dois milhões de jovens irão ao encontro do Papa Francisco para exigir mais justiça, mais igualdade, mais solidariedade. Pedirão ao pontífice o que se resume num modelo de economia nem capitalista, nem socialista, mas cooperativista.

Os jovens gaúchos ligados às cooperativas já vivenciam a experiência cooperativista nas suas comunidades, e sabem bem que as cooperativas como organizações empresariais, se diferenciam dos outros modelos por três objetivos. Primeiro, pela solidariedade econômica, através da distribuição da renda e riqueza geradas de forma coletiva, tendo como princípio distributivo o fator trabalho e não o capital. Este não tem caráter especulativo, mas produtivo.

Segundo, pela democracia participativa real, garantida com o exercício de um voto por pessoa. Neste particular, nossas cooperativas se constituem em verdadeiras escolas da democracia. E por fim, pela inclusão social das camadas de trabalho do campo e das cidades. Veja-se a inclusão de milhares de pequenos e médios produtores rurais, que, pela assistência técnica, garantia de comercialização e armazenagem da produção pelas cooperativas agropecuárias, conseguem permanecer no campo com suas famílias. Não se pode esquecer o papel fundamental que exercem as cooperativas de eletrificação rural, que geram ”Luz para Todos”, com energia limpa e renovável para 46% da população rural gaúcha. Importante ainda salientar a construção de oito hospitais pelo sistema Unimed nos últimos oito anos. Há hoje também a inclusão financeira de 1,5 milhão de gaúchos, através das cooperativas de crédito, democratizando o poder financeiro.

O conjunto das cooperativas rio-grandenses, em seus 13 Ramos, cresceu 8,38% em 2012, ano em que o RS teve um PIB negativo. Esse PIB cooperativo foi redistribuído nas comunidades, gerando, em consequência, um desenvolvimento regionalizado.

Esse é o modelo de economia que os jovens expressam em suas manifestações. Outras formas econômicas são incapazes de gerar igualdade, justiça e solidariedade, tanto quanto o cooperativismo. Que o nosso Papa Francisco, respeitadas as outras manifestações religiosas, revele ao Brasil a afirmação de Bento XVI, que afirmou que São Pedro, o líder dos apóstolos, foi presidente de uma cooperativa de pescadores, ou repita o slogan da ONU 2012, “As cooperativas constroem um mundo melhor”.

Porto Alegre, 23 de julho de 2012.

Vergilio Frederico Perius

Presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS