novidades

noticias

Publicada: 16/05/2013

Derivados do leite não estão imunes a fraude

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mais de uma semana depois de revelado um esquema de transportadores para adicionar água e ureia com formol ao leite cru, consumidores ainda se perguntam se os derivados são seguros. Responsáveis pela fiscalização admitem que não há 100% de garantia de que a produção de queijos ou iogurtes, por exemplo, seja imune a adulterações, mas dizem ter convicção de que o líquido foi usado só para a produção de longa vida.

Especialistas ressaltam que a produção de derivados exige leite de melhor qualidade. No entanto, nem o Ministério da Agricultura garante segurança absoluta.

– Não pode ser descartado (que leite adulterado tenha sido direcionado aos derivados), mas é muito difícil fazer um derivado com matéria-prima imprópria – diz Ana Stephan, chefe da divisão de defesa agropecuária do Ministério de Agricultura no Estado.

O problema é que todo o processo está submetido praticamente ao mesmo sistema de fiscalização que falhou ao evitar que o leite UHT irregular chegasse aos consumidores. A dúvida – e o temor – dos consumidores ocorre porque os exames do Ministério da Agricultura que revelaram a existência de formol – substância cancerígena componente da ureia – em lotes do leite de caixinha de Mu-mu, Latvida, Líder e Italac não foram aplicados aos outros produtos dessas marcas.

Conforme Ana, é impossível comprovar a presença das substâncias proibidas no produto acabado. Além disso, existe entre os integrantes da operação Leite Compen$ado a convicção de que a fraude ocorria apenas no produto pronto para beber.

– A produção do UHT absorve a maior parte do leite cru no Estado. Fortalecemos a fiscalização nesta variedade esperando combater a fraude em todo o setor – justifica Ana.

Embora a investigação do Ministério Público do Estado aponte negligência das indústrias em fiscalizar o produto que recebiam de intermediários, Ana avalia que os fabricantes eram mais rígidos com o leite destinado à fabricação de derivados. O motivo é prático: o processo exige matéria-prima de maior qualidade.

Engenheiro químico do Ministério Público que integrou a investigação, Gerônimo Friedrich afirma que a origem do leite adulterado foi rastreada, e chegou-se à conclusão de que a fraude atingiu só o longa vida. Por isso, não faria sentido fazer recall (convocação para troca de produto) ou retirar derivados de circulação.

– Seria uma leviandade dar 100% de certeza, mas as informações são de que o leite adulterado não foi usado nos derivados – afirma Friedrich.

Secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado, Darlan Palharini confirma que os testes da indústria são mais rigorosos para os derivados porque são armazenados por mais tempo.

– Há menos empresas que fazem derivados, então, há maior controle de qualidade sobre cada etapa – detalha.

O que dizem as empresas

Vonpar/Mu-mu
"O incidente envolvendo o leite cru adulterado se restringiu ao lote 3 ARC, fabricado em 18 de janeiro de 2013, de leite UHT integral. Reforçamos que nenhum outro produto ou tipo de leite tem relação com o ocorrido."

Italac
"Todo o leite e demais produtos derivados comercializados pela Italac em todo o Brasil encontram-se em perfeitas condições de consumo com total segurança e qualidade. A Italac realiza todas as análises de qualidade requeridas pela legislação brasileira."

LBR/Líder
"A Líder reafirma que segue todas as regras de fiscalização exigidas pelo Ministério da Agricultura e que, a partir de janeiro deste ano, reforçou a fiscalização do leite recebido, incluindo as novas exigências do Ministério da Agricultura. Além disso, a Líder faz dupla checagem, nos postos de resfriamento e na fábrica, e desde janeiro não detectou nenhuma adulteração no leite cru destinado à produção."

VRS/Latvida
"A Latvida reitera que todos os seus produtos seguem as normas de qualidade e que as contraprovas do leite UHT supostamente adulterados apontaram a qualidade do produto."

(Fonte: Canal Rural)