Publicada: 27/05/2014
terça-feira, 27 de maio de 2014
Os valores do Plano Safra da Agricultura Familiar subiram e as taxas de juros foram mantidas. Mas uma questão ainda precisa ser ajustada: o acesso ao crédito. Cerca de 40% dos agricultores familiares não são beneficiados pelo Pronaf porque esbarram na burocracia dos agentes financeiros.
Pelas contas da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) aproximadamente um milhão de famílias de pequenos produtores têm dívidas. O endividamento chega a R$ 15,5 bilhões.
– Se houvesse uma extensão rural melhor, talvez nós não teríamos tanto endividados. Porque você poderia produzir melhor, acessar as políticas públicas que tem de comercialização, que são extremamente positivas – aponta o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp) Braz Albertini.
Para os bancos, o crédito rural familiar ou empresarial é o setor com menor inadimplência. Em média, somente 0,7% dos financiamentos não são pagos no prazo. O agricultor familiar dispõe de mais mecanismos de ajuda para conseguir pagar as dívidas, como o programa de garantia da atividade agropecuária, o Proagro.
– Se o produtor plantar, for mal e perder tudo pela seca, o governo paga através do Proagro. Se ele plantar e o preço do produto que ele colheu estiver abaixo do preço mínimo, o governo compra e paga o preço mínimo. Se estiver acima do preço mínimo, ele vende a mercado. Então a gente costuma dizer que o pequeno produtor é o mais blindado contra intempéries e contra inadimplência do sistema financeiro – diz o diretor adjunto de Negócios da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian.
De acordo com o economista Roberto Troster. Mas o problema é que parte do endividamento dos produtores está em outras modalidades de crédito que não têm juros subsidiados e apresentam taxas maiores.
Em Brasília, os agricultores elegeram a falta do acesso ao crédito como principal ajuste necessário. Mais de 40% dos agricultores da região não são beneficiados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) por esbarrarem na burocracia.
– O grande desafio é tornar nossos agentes financeiros menos burocráticos. Hoje, por mais que o Pronaf seja uma ótima política, atende 60% dos agricultores. Ou seja, nós temos 40% das famílias que ainda precisam ser incluídas nessa política de crédito – comenta o coordenador-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Marcos Rochinsk.
Outra novidade comemorada pelos agricultores foi à regulamentação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). O vice-presidente da Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), Lino de David, conta que já existe um grupo de trabalhadores sendo atendidos pelo governo e esse grupo será transferido para a nova agência.
Já no Rio Grande do Sul, que deve receber R$ 6 bilhões, os agricultores consideram os valores apresentados como razoáveis. O tesoureiro geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura, Sérgio de Miranda, comenta que ainda há uma diferença muito grande entre os recursos da agricultura familiar e a agricultura desenvolvida por empresas. E avisa que haverá paralisação se faltar recursos aos pequenos produtores. Miranda também elogiou o aumento da cobertura do Seguro Rural, que deixou de cobrir os gastos do agricultor para cobrir o valor esperado pela venda dos produtos.
Fonte: Canal Rural