Publicada: 11/03/2013
segunda-feira, 11 de março de 2013
Para levar a produção de grãos de uma propriedade rural no Brasil até o porto de Xangai, na China, o custo do transporte é 39% mais caro do que o de uma fazenda nos Estados Unidos até o mesmo destino. Os dados têm como base a safra de 2012.
Para percorrer 2 mil quilômetros entre os EUA e a China, o custo por tonelada é de US$ 99.
Enquanto isso, no Brasil, chega a US$ 158. O resultado é que, por aqui, para cada saco de grão produzido, são despendidos R$ 7 a mais em comparação com o que é gasto nos EUA.
No Rio Grande do Sul, com ferrovias e hidrovias pouco aproveitadas, o custo para transportar o grão para o Porto de Rio Grande pode ser até três vezes maior em relação ao da agricultura norte-americana, conclui o estudo da Farsul. O fardo, alerta o trabalho, pode ficar ainda mais pesado com os recentes aumentos do diesel e a nova legislação sobre a jornada de trabalho dos caminhoneiros.
Rei da soja e do milho
O Brasil, que já era o maior exportador mundial de soja, caminha este ano para destronar os EUA em volume de produção. Mas em outro grão estratégico também pode assumir o lugar mais alto do pódio. Aproveitando a quebra da safra americana, o país pode se tornar o maior exportador global de milho - conforme previsão dos EUA. Segundo estimativa da Conab, o Brasil deve produzir 41 milhões de toneladas em 2013.
Até um mês para descarregar
Os gargalos do agronegócio mostraram a sua face mais visível nos últimos dias nas gigantescas filas de caminhões que aguardam para descarregar soja e milho em alguns dos principais portos brasileiros.
Em Santos (foto), durante a semana passada a extensão de veículos parados ao longo da rodovia de acesso chegou a 25 quilômetros. Com isso, o tempo de espera é calculado entre 30 e 40 dias.
No Porto de Paranaguá, no Paraná, o tempo de espera para descarregar um caminhão chega a 20 dias.
Dá medo do que pode ocorrer em Rio Grande a partir de abril. Para o especialista em agronegócio e energia Marcos Jank, o Brasil poderá experimentar um caos logístico na atual safra devido à produção recorde e à constatação de que os portos e seus acessos encontram-se despreparados para receber tal concentração de cargas.
Segundo Jank, os congestionamentos aumentam porque 86% da safra do cerrado brasileiro é escoada pelos portos do Sul e Sudeste. Apenas 14% da safra vai para os portos da Região Norte.
Fonte: Zero Hora.