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Publicada: 12/09/2013

PIB gaúcho decola turbinado pela soja

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Das ótimas safras de SOJA e milho brotaram extraordinários números da economia gaúcha. O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul avançou 6,4% no segundo trimestre deste ano em relação ao igual período imediatamente anterior. O resultado é quase quatro vezes acima do desempenho brasileiro de 1,5% nos meses de abril a junho de 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Quando comparado com o segundo trimestre do ano passado, período no qual o Estado desabou 5,3% por causa da seca, a alta chega a 15%, maior número da série histórica iniciada em 2003. Em 2013, o PIB do Rio Grande do Sul acumula expansão de 8,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Beneficiada pelas vendas ao agricultor, a indústria também colheu resultados e reverteu cinco trimestres seguidos de queda, conforme dados divulgados ontem pela Fundação de Economia e Estatística do Estado (FEE).

- O agronegócio puxou o desempenho dos demais setores, mas indústria e serviços também subiram em razão de uma dinâmica própria - analisou o economista da FEE Martinho Lazzari ao apresentar os dados.

Transporte, beneficiamento e armazenagem de SOJA costumam ocorrer de abril a junho, o que explica as atividades de indústrias e serviços que atendem ao campo. O setor de transporte, que inclui o frete, disparou 8,5% na comparação anual, enquanto a venda de máquinas e implementos subiu 11,5%.

Mas o grande destaque foi mesmo o campo. Antônio da Luz, economista da Federação da AGRICULTURA do Rio Grande do Sul (Farsul), calcula que 11 pontos percentuais dos 15% do crescimento do PIB vieram da venda direta de grãos. Indústria e serviços tiveram peso menor: cerca de 1,5 e 2,5 pontos percentuais, respectivamente.

- O avanço foi bem sazonal, ocorreu em razão de uma queda muito forte no PIB no segundo trimestre de 2012. Os setores da indústria que não atendem ao campo continuam em dificuldade para recuperar mercado - afirma o economista da Farsul.

A força da agropecuária não se resume ao seu peso no PIB - pouco mais de 10% do total -, mas também ao complexo industrial que carrega consigo e que chega a representar 30% do PIB. Essa realidade, conforme especialistas, reforça a necessidade de governos estadual e federal desenvolverem políticas que devolvam competitividade à indústria e estimulem a irrigação.

Resultado teve celebração em tom politico

A alta recorde do PIB foi valorizada politicamente pelo governo do Estado. Antes que a FEE divulgasse os números, às 10h de ontem, o governador Tarso Genro já havia concedido entrevistas destacando o crescimento de 15,3%. A primeira foi por volta das 7h, no telejornal Bom Dia Rio Grande, da RBSTV.

Em 2010, a então governadora Yeda Crusius se antecipou à FEE em um dia ao divulgar o PIB anual, na época de 7,1% - mais tarde, revisado para 6,7%.

Ontem, na divulgação dos dados, dois secretários (João Motta, do Planejamento, e Luiz Fernando Mainardi, da AGRICULTURA) e um deputado federal, Daniel Bordignon (PT), participaram dos comentários sobre o desempenho econômico, acentuando o impacto da política de desenvolvimento do governo gaúcho na alta do PIB.

Segundo semestre positivo

A safra recorde continuará gerando dividendos à economia gaúcha no segundo semestre deste ano, projetam economistas e empresários. Ao levar mais dinheiro para as cidades do Interior, a venda de grãos deve possibilitar que indústria e o comércio reforcem os negócios, exercendo influência positiva sobre o PIB.

- O segundo semestre será melhor do que o primeiro para a indústria. Além de o agricultor estar remunerado, em condições para comprar mais máquinas, equipamentos e outras tecnologias para sua produção, temos a favor a alta do dólar, que torna o produto brasileiro mais competitivo no Exterior - afirma o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller.

Mais dinheiro circulando na economia também deve beneficiar indústrias que atendam à população em geral, conforme Müller. São os casos dos setores moveleiro, alimentício, calçadista e de outros bens de consumo.

O presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Estado (Federasul), Ricardo Russowsky, afirma que a alta de 2,5% no PIB do comércio no segundo trimestre ainda não reflete a maior circulação monetária no campo, o que indicaria números maiores nos próximos meses.

- O dinheiro da venda da safra começou a circular na economia nos últimos meses, e o reflexo no comércio será visto nos trimestres seguintes - avalia Russowsky.

Ainda que não espere a mesma volúpia para o PIB no próximo semestre, o presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Adalmir Antonio Marquetti, projeta resultados positivos até o fim do ano. A estimativa é que o crescimento gaúcho em 2013 seja o dobro do brasileiro, alcançando cerca de 6%.

Conforme Marquetti, a alta daqui para a frente virá tanto da indústria, em razão do crescimento na atividade registrada nos últimos meses, quanto de serviços e comércio, devido à estabilidade no emprego e a gradativa retomada da economia brasileira.

- Também haverá um impacto importante da safra do trigo no fim do ano, que tem encontrado preços favoráveis e será superior em quantidade às safras de anos anteriores - afirma Marquetti.

Fonte: Zero Hora