Publicada: 13/12/2013
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Engenheiro agrônomo e produtor de soja em Cruz Alta, Tiago Quaini cultiva cem hectares com o grão em uma das lavouras gaúchas onde foi identificada a presença da Helicoverpa armigera e afirma que já temia a presença da lagarta no Estado.
– Sabia que era só questão de tempo, mas não esperava que fosse atingir várias lavouras e de forma tão rápida. Aqui, foi identificada a mariposa. Sigo monitorando e fazendo aplicação normal de inseticida. Em algumas áreas ainda não há necessidade de usar o produto – relata o produtor.
A principal preocupação é que possa faltar inseticidas no mercado caso os agricultores passem a utilizar doses mais altas do que o necessário.
– Aí, sim, teremos problemas. Estamos aprendendo a lidar com a praga. O primeiro passo é identificar. É necessário monitoramento constante. Se for aplicado um produto não seletivo, pode eliminar predadores naturais. Ou, se repetir muitas vezes o mesmo produto, pode tornar a larva resistente aos inseticidas – adverte Quaini.
Vigilância também à noite
Na lavoura vizinha, do primo Édio Quaini, 48 anos, também foi registrada a presença da lagarta. O produtor, que cultiva soja em 400 hectares, afirma que até a última semana não havia indícios de que a praga chegara a suas terras.
Mas o cenário mudou quando a praga foi descoberta na cidade. Agora, vai ao menos uma vez por dia monitorar a lavoura:
– Cheguei a ir de noite, o que antes não precisava. Essa lagarta tem hábitos noturnos, se esconde no calor. Procurei agrônomos, empresas e conversei com produtores sobre o que fazer para combater a lagarta. O normal era começarmos a controlar em janeiro.
Assim como o primo e vizinho, Édio se preocupa com a possível falta defensivos no mercado até o final da safra.
– Estimo que o custo com o produto vá subir de 5% a 10% por causa da lagarta – diz Édio.
É esse clima de preocupação que predomina entre os produtores da cidade, conta o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Abastecimento, Airton Becker:
– É importante ficar atento e usar produtos recomendados por técnicos. Não podemos entrar em pânico e aplicar doses mais fortes sem necessidade.
De acordo com Gilberto Bortolini, engenheiro agrônomo da Emater regional Ijuí, que coordena o monitoramento pela entidade na região de Cruz Alta, duas armadilha serão instaladas nesta semana, uma no município e outra em Bom Progresso.
– É uma lagarta de difícil diagnóstico. Leva tempo para encontrá-la no campo. Por isso, optamos por identificar a mariposa, por meio das armadilhas de feromônio – esclarece Bortolini.
As formas de combate à lagarta
– A recomendação é que os produtores monitorem a lavoura de forma constante (no mínimo, duas vezes por semana).
– É preciso fazer avaliação visual nas folhas novas (trifólios) e monitorar com o pano de batida e a armadilha de feromônio.
– Na dúvida, o produtor deve procurar assistência técnica para identificar a lagarta. Se ainda houver incerteza, deve enviar amostras para análise.
– Se houver quatro lagartas por metro de fileira de soja é bom estudar uso de inseticida.
– A aplicação de inseticida deve ser feita quando a lagarta está com tamanho menor de 1 cm.
– A decisão deve ter apoio técnico. Há riscos na aplicação de inseticida, como eliminação de predadores naturais e aumento de resistência da lagarta.
Fonte: Glauber Stürmer, professor da UFSM e mestre em controle de pragas