Publicada: 26/03/2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
O efeito seca abalou o ânimo dos produtores de soja na cerimônia de abertura oficial da colheita do grão ocorrida na manhã do último sábado em Tupanciretã. O clima de festa com a presença do governador Tarso Genro deu lugar à preocupação. A expectativa da Emater é ter uma quebra estimada em 30% na safra 2012. A abertura da colheita da cultura mais importante da agricultura gaúcha teve como palco o município que possui a maior área plantada do Estado: 140 mil hectares com o grão que é o carro-chefe da economia local.
A solenidade ocorreu na propriedade de Dorival Terra, agricultor que plantou 3,6 mil hectares da oleaginosa. Terra, que deve colher uma média de 1,2 mil quilos por hectare na lavoura onde foi realizada a cerimônia, ressente-se da estiagem.
– Os governos têm tido atenção necessária com o agricultor. Mas fica difícil de se manter. Atualmente, se tem um custo de 40 sacas de soja (por hectare) para manter o negócio. Colhendo 20 sacas, fica complicado de dar conta – justifica.
Mesmo com apenas cerca de 5% das lavouras gaúchas de soja colhidas (este ano, o Estado plantou 4,1 milhões de hectares), a Emater confirma a quebra em relação à expectativa inicial. No começo do ano, esperava-se colher até 10,3 milhões de toneladas do grão, mas a falta de umidade no solo deve achatar a produção gaúcha para cerca de 7,1 milhões de toneladas. Com isso, devem deixar de circular na economia gaúcha até R$ 1,5 bilhão. Somente em 2011, a soja movimentou cerca de R$ 8,5 bilhões no Estado.
– Essa foi uma das maiores secas dos últimos 10 anos. Pior que essa só a de 2005 – sentencia o agrônomo da Emater Cláudio Dóro.
Projeções – A produtividade, que poderia chegar até 2,5 mil quilos por hectare, conforme o governo gaúcho, deve atingir uma média de 1,7 mil quilos por hectare. As regiões mais atingidas pela quebra de produção devem ser a Noroeste (que abrange Santa Rosa e Três de Maio) e a Central (entre São Gabriel e Santa Maria).
Com menos grãos no mercado, os preços estão mais altos. Neste mesmo período no ano passado, por exemplo, a saca do grão era comercializada a um preço médio de R$ 43,50. Neste ano, segundo estimativas do analista de mercado de soja Flávio Roberto de França Júnior, da Safras e Mercado, o valor pago ao produtor pela saca gira em torno de R$ 52,50 – um aumento de 20% em relação a 2011.
– O preço alto apenas ameniza os prejuízos que os agricultores tiveram com a seca. A previsão é que o preço se mantenha, a não ser que o câmbio mude significativamente nas próximas semanas – explica o analista.
Fonte: Diário de Santa Maria.