Publicada: 05/12/2012
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Além de colocar Cruz Alta entre os três maiores produtores de soja do Estado, o agronegócio tem movimentado a economia local. Uma prática já comum em outras partes do país, onde a cultura do grão é forte, começa a se popularizar no município: a soja é usada como moeda de troca e serve para comprar roupas, calçados, móveis e carros e até mesmo para o pagamento de assessoria jurídica.
A estiagem que afetou os Estados Unidos na safra passada, o maior produtor mundial do grão, valorizou as regiões produtoras em todo o Brasil. Para se ter uma ideia, hoje a saca de 60 quilos está sendo vendida em média a R$ 64 no Estado – nessa mesma época, no ano passado, estava a R$ 41,42.
Diante desse cenário favorável, o comerciante Clademir Toledo, proprietário de quatro lojas de vestuário na região de Cruz Alta, oferece um prazo especial para os produtores de soja.
– Eu dou um prazo até 30 de abril de 2013 para que os produtores possam pagar as compras feitas hoje. Ou seja, quando começarem a vender sua produção – explica o empresário, que aceita cheques pré-datados.
No município, já foi semeada a maior parte dos 89 mil hectares de área plantada prevista para a safra 2012/2013. São cerca de 2,5 mil hectares a mais do que em 2011/2012. A projeção é que, na época da colheita, a saca esteja sendo comercializada na casa dos R$ 60.
Diante dessas projeções, a soja se afirma como um bom negócio e está sendo usada como moeda de troca até mesmo por outros segmentos, fora do comércio tradicional. O advogado Fabiano Marchioro, 38 anos, que tem um escritório em Cruz Alta, troca serviço por sacas do grão:
– Eu faço um contrato de prestação de serviço com o produtor por, em média, três anos. Então, todos os anos, no período da colheita, ele me paga em sacas de soja ou pelo valor regulado pela saca/dia.
Além da assessoria jurídica, Marchiori também colocou à venda um imóvel pelo mesmo sistema.
A volta do escambo colonial
Para o economista José Maria Pereira, esse formato rememora a época dos primórdios da colonização brasileira quando o comércio era à base do escambo, ou seja, por meio da troca de mercadoria:
– Esse tipo de mercado é do tempo da pré-moeda. Parece coisa do passado, mas, na verdade, é do futuro. É o que chamamos de mercado derivativo, quando é estabelecido um pagamento futuro.
Segundo Pereira, para o produtor, essa forma de troca é muito boa se as projeções de preço se confirmarem. Porém, se o valor da saca disparar, o agricultor perderá parte do lucro com a venda antecipada.
(Fonte: COTRIJUC com informações do Diário de Santa Maria)