Publicada: 18/03/2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
Além das exportações de gado em pé, agora são frigoríficos de outras regiões do país que vêm ao Rio Grande do Sul em busca de animais de raças de origem britânica. Com o novo fenômeno, mais do que triplicou, nos últimos cinco anos, a saída de exemplares de propriedades gaúchas para serem engordados e abatidos no Exterior ou em outros Estados.
Só as vendas interestaduais foram multiplicadas por quatro desde 2008. Boa parte são terneiros e animais jovens levados para confinamentos. O principal destino é São Paulo e o comprador, a JBS, que não abate bovinos no Estado.
Para o consultor Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária, além da disposição de parte da população em pagar mais por um produto superior, a busca de gado Angus, Hereford e cruzas se deve ao movimento dos frigoríficos de substituição das importações do Uruguai e da Argentina. Velloso calcula que, incluindo o ICMS na venda interestadual e o frete, os frigoríficos estariam pagando um custo adicional de 20% sobre o valor do animal. Pelo preço dos cortes nobres, o investimento parece valer a pena.
- Essa carne vai para marcas de linhas premium - exemplifica Velloso.
Depois de um recuo em 2011, as exportações de gado em pé cresceram 165% em 2012. Segundo Velloso, é reflexo de entraves a vendas externas impostas pelo governo Uruguaio. Assim como no país vizinho, a saída de animais para abate é motivo de discórdia entre produtores e indústria. Para pecuaristas, é uma forma de conseguir preços melhores devido à pouca concorrência de frigoríficos.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado (Sicadergs), Ronei Lauxen, a situação prejudica a economia gaúcha. O número de 85,5 mil animais levados do Estado em 2012, estima, equivale ao abate anual de três frigoríficos médios. Assim, seriam cerca de 800 empregos diretos perdidos. A evasão também contribuiria para a ociosidade de cerca de 30% do setor no Estado, além de diminuir a disponibilidade de insumos para o setor coureiro-calçadista, fábricas de rações e produtos pet. Se fossem abatidos no Estado, seriam gerados cerca de R$ 4 milhões em ICMS, projeta.
(Fonte: Jornal Zero Hora)