Publicada: 03/05/2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
A balança comercial brasileira encerrou o primeiro bimestre de 2012 com um resultado tímido. No fim de fevereiro, as exportações superavam em apenas US$ 423 milhões o valor das importações, um resultado 73,4% inferior ao registrado em 2011. Uma análise mais atenta dos números da produção nacional mostra que, não fossem os embarques de soja, o saldo positivo dificilmente seria alcançado. Nos dois primeiros meses, o Brasil exportou 2,5 milhões de toneladas da oleaginosa, ou cinco vezes mais que no mesmo período do ano passado. As vendas de US$ 1,2 bilhão, ou 20% de todas as exportações no bimestre, foram fundamentais para tirar a balança do vermelho. Que os navios saiam carregados dos portos brasileiros transportando a produção agrícola para o mundo é sempre positivo, mas fica uma questão: o que levou o País a exportar quantias recorde da oleaginosa em plena entressafra, quando os estoques costumam abrigar reservas destinadas somente ao consumo do mercado interno?
Uma afortunada conjunção de fatores propiciou esse cenário atípico. A histórica safra colhida no ano passado, de 75 milhões de toneladas de soja, abarrotou os armazéns e silos brasileiros com GRÃOS. Além de abastecer o mercado interno e garantir exportações de US$ 16,3 bilhões, com 32,9 milhões de toneladas embarcadas, a lavoura da oleaginosa produziu um excedente que ficou nos silos das principais tradings que atuam no Brasil aguardando o melhor momento para a venda. “Normalmente, há estoques de farelo e de GRÃOS para a indústria, mas não costuma sobrar soja para a exportação”, diz Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). “Como já havia a informação no mercado de que poderia haver demanda forte nos primeiros meses de 2012, nos ajustamos para ter disponibilidade de estoque destinado à exportação.”
A oferta terminou por casar com a demanda mundial aquecida pelo produto. “Chama a atenção a exportação de soja para a China numa época atípica para esse comércio”, disse Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, durante a divulgação da balança comercial de fevereiro. De fato, com soja sobrando no mercado brasileiro, a China aproveitou para recompor seus estoques, adquirindo volumes da oleaginosa muito superiores aos adquiridos no primeiro bimestre de 2011. Nos primeiros dois meses deste ano, foi 1,4 milhão de toneladas, num valor de US$ 644,4 milhões, embarcado para o o mercado chinês, que já absorve 70% da soja brasileira exportada e consumiu 70 milhões de toneladas do produto no ano passado. “Atualmente, a China é a locomotiva mundial da demanda de soja, com um crescimento no consumo de 8% ao ano”, diz Trigueirinho, da Abiove.
Fonte: Dinheiro Rural.