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Publicada: 24/06/2014

Embrapa discute retorno financeiro de se fazer o controle de pragas

terça-feira, 24 de junho de 2014

 – A Helicoverpa causou uma revolução no manejo das lavouras. Fomos obrigados a rever as nossas práticas e o uso de defensivos sem critérios técnicos, somente com base no calendário. Agora precisamos saber primeiro o que está causando danos na lavoura para então avaliar a melhor estratégia de controle, já que só aplicar inseticida não funciona mais. O prejuízo trouxe também o aprendizado! – afirmou o técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri.

Para o coordenador estadual de grãos da Emater/PR, Nelson Harger, o agricultor tem muita informação, mas pouco conhecimento.

– O modelo atual está voltado à máxima produtividade, que nem sempre considera a rentabilidade. Nosso papel aqui é fazer a ponte para que o produtor tenha sempre o melhor resultado– declarou.

No Rio Grande do Sul, foram monitorados cinco mil hectares de soja e milho na última safra, com abrangência em 200 propriedades. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) contou com diversas estratégias, como armadilhas, identificação de insetos, controle biológico (distribuição de vespas), uso de defensivos seletivos e acompanhamento técnico junto ao produtor em áreas entre 2 a 5 hectares, chamadas de Unidades de Referência Tecnológica (URTs).

O esforço da Ascar-Emater/RS contou com mais de 200 extensionistas além de pesquisadores da Embrapa no acompanhamento e identificação das pragas. A principal dificuldade encontrada foi convencer o produtor a não aplicar inseticidas nas URTs enquanto o nível recomendado pelo MIP não fosse atingido, o que acabou atrapalhando a mensuração dos resultados.

Segundo o técnico da Emater/RS, Guilherme Miritz, no milho o rendimento foi semelhante na área sem monitoramento, mas o controle de pragas foi restrito a uma aplicação de inseticida.

– Com a divulgação dos resultados, o produtor pretende fazer o controle em toda a área cultivada e os vizinhos já estão demandando o acompanhamento técnico. A meta do projeto é fazer com que o produtor domine a tecnologia e sirva como multiplicador do MIP– explica Miritz.

O acompanhamento no uso de defensivos pela Emater/PR é realizado desde 1996 e mostra o crescimento constante no número de aplicações de inseticidas nas lavouras: em 1996, eram 2,7 aplicações por safra enquanto em 2014, o número saltou para 4,6 aplicações. De acordo com o técnico Nelson Harger, a diversidade de produtos utilizados também é considerada alta, com média de 5,8 inseticidas utilizados na mesma safra.

Como exemplo de resultados, a partir da implantação do MIP numa área de 100 ha, distribuídos em cinco propriedades, no município de Cambé, PR, foi possível reduzir as pulverizações com inseticidas em 68%. Nas mais de 100 URTs de soja instaladas em 2.600 ha no Estado, o número de aplicações de inseticidas caiu de 4,6 (média do PR) para 2,2 (média URT). Nas áreas que não foram acompanhadas, a primeira aplicação foi, em média, aos 25 dias da germinação da lavoura, enquanto que nas áreas monitoradas com MIP as aplicações de inseticidas iniciaram, na média, aos 57 dias.Nas contas da Emater/PR, o custo por hectare com aplicações de inseticidas nas URTs foi R$ 143,7; enquanto o custo/ha na média das aplicações no Paraná foi de R$ 276,5 considerando gastos com inseticidas e mão-de-obra.

Em Mato Grosso, o MIP foi conduzido em apenas uma URT de 100 ha em Sinop, durante três anos. A área foi dividida em duas partes iguais, com 50 ha sob o MIP e outros 50 ha conduzidos a critério do produtor Junior Ferla. Como resultados, os custos de produção reduziram em 5% na área com MIP, onde foram efetuadas duas aplicações de inseticidas e uma de fungicida, enquanto a média na região foi de cinco a oito aplicações. De acordo com o pesquisador Rafael Pitta, o produtor pretende estender o MIP para toda a área de soja em mais de 2 mil ha.
Fonte: Rural BR