Publicada: 29/02/2012
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Este homem de 57 anos já vivenciou sua parcela de altos e baixos dos mercados agrícolas. Mas com os preços das commodities em disparada e o valor das terras atingindo patamares recordes de alta, ele diz que os agricultores nunca estiveram em situação tão boa. "Isso é o melhor que já tivemos, financeiramente falando", diz Lawrence.
A situação não está passando despercebida em Washington, onde o governo federal deverá assinar este ano US$ 11 bilhões em cheques para os agricultores, um aumento de 4% sobre 2011. Estes pagamentos podiam ser justificados na década de 1980, quando as famílias dos produtores rurais enfrentavam dificuldades. Mas com a redução do déficit público sendo agora uma prioridade do governo, os subsídios estão sendo criticados.
O presidente Barack Obama anunciou na semana passada um orçamento que não prevê "pagamentos diretos" aos agricultores, que no ano passado totalizaram US$ 4,7 bilhões. Eles eram feitos mesmo que produtores tivessem plantado algo ou não. O orçamento vai reduzir os subsídios para seguros de safra, que indenizam os agricultores quando as receitas ou as colheitas diminuem.
No ano passado, líderes bipartidários das comissões de agricultura do Senado e da Câmara dos Representantes também recomendaram o fim dos pagamentos diretos, sugerindo que seus dias estavam contados. Apenas um em cada cem trabalhadores americanos é empregado pelo setor agrícola, o que enfraquece sua força eleitoral comparada a décadas passadas.
Mas nos Estados em que a agricultura tem um papel importante, como Indiana, Iowa e Wisconsin, o fim dos subsídios aos agricultores poderá afastar os eleitores das áreas rurais e mudar o equilíbrio nas eleições presidenciais de novembro.
A simpatia pelos agricultores está diminuindo. O patrimônio médio das famílias dos produtores dos Estados Unidos era de US$ 901.700, em 2007, segundo dados do Departamento de Agricultura. A maior parte dele está representada nas terras, o que torna pequena sua liquidez, embora a escalada dos preços sugira que estes patrimônios podem estar ainda mais sólidos hoje. O valor das terras cultiváveis no cinturão do milho do Meio-Oeste americano cresceu 22% no ano passado.
As pequenas propriedades rurais familiares, que têm influência sobre a consciência dos americanos, são menos relevantes enquanto componente da cadeia alimentar. A maioria da produção americana é gerada pelos 2% de fazendas com US$ 1 milhão ou mais em vendas anuais, segundo o Departamento de Agricultura (USDA). As fazendas grandes e médias recebem mais de três quartos dos pagamentos do governo.
Em termos reais, a receita agrícola de 2012 deverá cair ligeiramente em relação aos níveis recordes, mas continuará sendo a terceira maior em mais de três décadas. "Estamos falando de pessoas que hoje, pelo menos no papel, têm muitas riquezas e estão recebendo cheques bem grandes do governo", diz Neil Conklin, presidente da Farm Foundation, grupo de pesquisas e ensino. "O povo está dizendo: o que estou recebendo por esse dinheiro que estou dando aos agricultores?", comenta.
Fonte: Financial Times.