Publicada: 03/09/2012
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Faltaram adjetivos no balanço final da 35ª Expointer para qualificar a cifra de R$ 2,03 bilhões em negócios, volume recorde na história do evento. Mas sobraram sorrisos de organizadores, produtores e bancos, que divulgaram ontem o balanço dos nove dias de feira. "Somos todos sorriso", resumiu o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi. No confronto com a edição de 2011, a comercialização de equipamentos, animais, artesanato e produtos da AGRICULTURA FAMILIAR foi 139,8% maior. Os pedidos para compra de máquinas e implementos e linhas de crédito para giro, que responderam por 99% da movimentação, alcançaram R$ 2,02 bilhões, saldo 142% superior ao da mostra do ano passado, que havia fechado em R$ 834,7 milhões.
A compra de animais, que somou R$ 13,6 milhões (15,2% acima da negociação do ano passado), também surpreendeu e indicou investimento em melhoria do rebanho de corte. Fabricantes de máquinas e instituições financeiras apontaram o corte do juro de uma das linhas mais requisitadas pelos produtores como crucial para o desfecho das encomendas. "Preços da soja e do milho em alta e crédito para financiamento à vontade embalaram a demanda", elencou Mainardi. Já o mau tempo, com chuva nos primeiros cinco dias de feira, comprometeu saldo mais positivo em segmentos como o da AGRICULTURA FAMILIAR (que cresceu 19%) e o de artesanato, que até sábado passado registrou pouco mais de R$ 700 milhões, ante R$ 1,25 milhão de 2011. A atração de público também foi prejudicada, ficando em 475 mil pessoas até as 18h de ontem, ante 483,4 mil em 2011.
Na quinta-feira passada, o governo federal anunciou a redução da taxa de 5,5% ao ano para 2,5% ao ano do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Bndes. A novidade mudou o rumo dos pedidos. "Talvez eu seja o mais contente de toda a feira. Nem eu imaginava que chegaria a este volume", admitiu o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier. Segundo ele, a Expointer se consagrou com a maior comercialização de eventos do setor no País, considerando máquinas e implementos. Bier adiantou que haverá indústria com dificuldade de atender a encomendas no prazo que o produtor quer. "As entregas vão ocorrer até março."
Equipamentos para irrigação, contemplados pelo programa estadual Mais Água, Mais Renda (que abate duas parcelas de financiamento), somaram vendas de R$ 55 milhões, maior parte ligada à encomenda de 160 novos pivôs. O governo quer dobrar a área de culturas irrigadas, hoje em 70 mil hectares (que não incluem 1,05 milhão de hectares de arroz), até 2014. O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, reconheceu que o programa agilizou licenças e outorgas para até 100 hectares, mas indicou que precisa destravar pedidos em áreas maiores.
Bancos prometem acelerar a análise para liberar recursos financeiros aos agricultores
O vice-presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, esperou a catarse do governo, indústria e dos bancos no balanço da feira e lascou a cobrança: menos burocracia e mais agilidade na liberação de recursos, além de solução aos produtores endividados. O alongamento recente do prazo para quitar parcelas para agricultores que amargaram perdas com a estiagem tirará espaço para contratar novas dívidas. O diretor-presidente do Badesul, Marcelo Lopes, disse que esta condição afastou muitos postulantes da Expointer, mas assegurou que clientes com classificação de risco baixo (cerca de 40%) deverão ter liberação do financiamento em uma semana.
O banco de fomento ultrapassou o Banco do Brasil (BB) em demanda por crédito (somou R$ 574,5 milhões em 733 protocolos, contra R$ 513 milhões do BB em 3.343 pedidos e contratos). A formalização dos contratos só ocorrerá após a abertura da linha pelo Bndes. Dos R$ 2,023 bilhões (máquinas e animais), R$ 1,54 bilhão foi pedido junto ao Badesul, BB, BRDE (280 milhões) e Banrisul (172,5 milhões). Sicredi somou R$ 148 milhões. Bancos privados, de fábrica e venda direta completaram o saldo com R$ 332 milhões.
O diretor de Agronegócios do BB, Clenio Severo Teribele, demarcou que a redução de juros do PSI foi determinante para o resultado. O banco teve alta de 70% na demanda, com R$ 401 milhões associados ao PSI.
Farsul comemora resultados expressivos em clima amistoso
O sentimento de cautela em relação ao volume de negócios da 35ª Expointer, que marcou os meses que antecederam a feira, foi superado pelos resultados positivos obtidos durante a mostra. A avaliação é do presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, que apontou a proposta de renegociação das dívidas dos produtores como fator de estímulo para a comercialização, mesmo em um cenário pós-estiagem. "Mais uma vez, a Expointer sobrepujou a edição anterior", afirmou.
Sperotto disse que, ao contrário do que costumava ocorrer em edições anteriores, a relação da federação com o governo estadual "é boa e respeitosa". "Acordamos com o governador, assim que ele assumiu, e continuamos dentro desse quadro solidário às decisões que estão sendo tomadas". Mesmo assim, Sperotto fez uma pequena provocação aos governantes ao distribuir material impresso com palavras do ex-presidente Getulio Vargas. "Ele deixou gravado em uma placa na entrada do Palácio Piratini que o Poder Público deve compenetrar-se de que é seu dever elementar assistir as fontes de produção. Se até hoje ninguém tirou essa placa de lá é porque concorda com essas palavras", ironizou.
Entre os destaques, está a venda de animais que, segundo o presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul, Francisco Schardong, foi além das expectativas, chegando a R$ 13,6 milhões, superando em 16% as vendas de 2011, quando foram comercializados R$ 11,7 milhões. Os rústicos pontearam as vendas chegando a R$ 11,9 milhões, incluindo os equinos. "A venda de animais de elite chegou a R$ 1,7 milhão", informou Schardong.
A Feira de Novilhas da Farsul registrou volume de negócios de R$ 676 mil, com 100 animais a menos em pista e incremento de R$ 150 mil em relação à edição do ano passado. O dirigente lembrou que a Expointer é sempre uma balizadora das feiras de primavera e que a tendência é que as médias de preços dos animais fiquem em torno de R$ 6 mil.
O coordenador da Vitrine da Carne Gaúcha, Luiz Alberto Pitta Pinheiro, destacou que o espaço reuniu 4,3 mil expectadores durante oito dias. "Foram sessões de desossa que envolveram sete carcaças bovinas, uma bubalina, 16 ovinas e quatro suínas, uma das novidades", enumerou. A Casa Rural fechou R$ 2,75 milhões em comercialização, valor referente a vendas e encaminhamentos de vendas. Os principais produtos negociados foram fertilizantes, sementes, rações, silos, equipamentos de agricultura de precisão e sistemas de irrigação. O Senar-RS inovou neste ano e distribuiu, por diversos espaços do parque, estandes específicos para cada atividade. "Foi uma forma de aproximar nossos instrutores do público", disse o superintendente da entidade, Gilmar Tietböhl.
Fonte: Jornal do Comércio.