Publicada: 31/08/2012
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
No ano em que a soja alcançou valorização recorde no mercado mundial, o avanço da oleaginosa em áreas de várzea até então ocupadas por lavouras de arroz e pastagens para pecuária poderá atingir números históricos no Rio Grande do Sul.
Dos 18,5 mil arrozeiros gaúchos, mais de 50% devem fazer rotação - intercalar a cultura plantada - nesta safra. No ano passado, esse percentual não passava de 30%.
- Além da diferença de preço, tem a questão do déficit hídrico, já que as lavouras de arroz são 100% irrigadas no Estado, e as barragens estão abaixo dos níveis normais nas regiões produtoras - aponta o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, acrescentando que os produtores vêm sendo orientados a buscar alternativas de renda em razão dos altos estoques e das defasagens dos preços.
A recomendação vem sendo seguida ao pé da letra. Pelo menos é o que mostram as previsões para a próxima safra. Conforme levantamento divulgado nesta semana pela Emater, a área de soja terá aumento de 258 mil hectares no Estado em relação ao ano passado. Destes, cerca de 150 mil hectares são de áreas novas, tradicionalmente ocupadas pela pecuária (campo nativo/pastagens), ou mesmo pelo arroz, nas regiões Sul (região de Pelotas, 33,4 mil hectares), Campanha (região de Bagé, 55 mil hectares) e Centro-Oeste (região de Santa Maria, 63 mil hectares).
- O produtor tem de se defender do mercado, saindo do modelo de monocultura. Nos Estados Unidos, as áreas de arroz são as mesmas de soja e milho - compara Claudio Pereira, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Além da diversificação, a rotação de culturas ajuda no combate a pragas e ao arroz vermelho e preto, que chegam a causar uma depreciação de 30% do cereal no mercado.
- No caso da soja, temos o grande diferencial de aproveitarmos o nitrogênio deixado no solo para a cultura seguinte - explica o gerente da divisão de pesquisa do Irga, Sérgio Lopes, acrescentando que a rotação resulta em aumento médio de 15% a 20% da produtividade das lavouras.
Diversificação e busca de maior produtividade
Os resultados da diversificação são colhidos pelo produtor João Augusto Rubin, 46 anos, de Bagé. Há 20 anos, Rubin utiliza os 1,2 mil hectares de sua propriedade, em áreas de coxilha e várzea, para o plantio de arroz e soja, além da criação de gado de corte.
- Eliminei 100% de capim anoni e de arroz vermelho. Nas áreas alegadas, colocamos pastagens - explica o produtor.
Na safra passada, Rubin colheu 184 sacas de arroz e 52 sacas de soja por hectare, além de alcançar produção de 600 quilos de carne bovina por hectare.
- O mercado e o clima não dependem de mim, mas a produtividade, sim. Por isso, faço a minha parte - resume o produtor rural.
Fonte: Zero Hora.